top of page
Buscar

Levai as almas todas para o céu? – A herética versão da oração de N.S. de Fátima.

“Em Portugal se Conservará sempre o Dogma da Fé” -Nossa Senhora de Fátima.

 

Introdução


Neste artigo levantamos a voz contra um engano gravíssimo, que há décadas vem sendo imposto ao povo luso-brasileiro: a deturpação da oração de Nossa Senhora de Fátima, adulterada e espalhada com insistência pelos modernistas do Novus Ordo. Trata-se de assunto da mais alta importância, pois a própria Mãe de Deus pediu que rezássemos a verdadeira oração ao final do Santo Rosário. No entanto, em vez disso, uma mentira cuidadosamente urdida foi promovida, a fim de que os fiéis, em massa, repetissem uma fórmula corrompida e inspirada no erro teológico de VonBalthasar, o qual sustenta, em oposição à Tradição e à Fé, que até mesmo as almas condenadas do inferno poderiam ser salvas no fim dos tempos.


É hora de despertar! Não podemos permitir que essa heresia se enraíze nos lábios dos católicos. Rezar a oração adulterada é dar voz ao erro e compactuar com uma doutrina que ataca a própria justiça divina.

Que o Espírito Santo ilumine sua mente, fortaleça sua fé e lhe dê a graça de discernir a verdade do engano. Empunhemos o Rosário como arma segura contra a mentira. Divulgue este artigo, denuncie a falsificação e rezemos juntos para que a oração de Fátima seja restituída à sua pureza original, esmagando de vez a serpente da heresia.

 

A oração primeira aprovada pelo patriarca de Portugal.

 

Mas afinal, qual foi a verdadeira oração ensinada por Nossa Senhora aos três pastorinhos em Fátima? Depois de muito investigar, peneirando artigos, livros e até jornais antigos, encontramos a resposta clara e incontestável. Não se trata de opinião, mas de um testemunho precioso registrado em um livro raro: Os Grandes Fenômenos da Cova da Iria e a História da Primeira Imagem de Nossa Senhora de Fátima, do Padre Gilberto F. Santos, sacerdote e testemunha ocular dos acontecimentos.

ree

Na primeira edição desta obra, à página 85, está gravada a verdadeira jaculatória, aquela mesma que saiu dos lábios da Virgem Santíssima e foi rezada pelos pastorinhos em obediência filial. Leremos agora o eco fiel do que foi realmente transmitido aos pastorinhos:

 

— Durante os dias que esteve em nossa casa, rezámos o terço em frente de um oratório que meus pais tinham; o qual também tinha uma pequena Imagem de Nossa Senhora de Fátima; e sempre a Lúcia rezou no intervalo dos mistérios do rosário, a jaculatória seguinte:

«Ó meu Jesus perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, aliviai as almas do Purgatório, principalmente as mais abandonadas»

— Jaculatória esta que a Lúcia dizia ter-lhes sido ensinada por Nossa Senhora, quando das Aparições.

Foi também desta mesma forma que o Senhor Padre Dr. Manuel Nunes Formigão (então Padre e Professor no Seminário e no Liceu de Santarém) ouviu da Lúcia esta Jaculatória de que tomou o devido apontamento.

— Foi sempre desta mesma forma que os três videntes rezavam em público na COVA DA IRIA, e cuja jaculatória teve a aprovação da Autoridade Eclesiástica do Patriarcado de Lisboa e do Bispado de Leiria; e rezada depois por todos os Sacerdotes e por todos os fiéis que dela tiveram conhecimento.
ree

Portanto, a versão autêntica, aprovada pelo Patriarca de Lisboa — a mais alta autoridade espiritual do povo luso — é esta oração. Não esqueçamos: a aprovação do Patriarca não se restringe a uma diocese, mas ressoa para toda a Nação Portuguesa, o povo escolhido para ser arauto da Mensagem de Fátima. Já a aprovação do Bispo de Leiria, embora legítima, tinha valor apenas para os limites de sua diocese.


Assim, é claro e inegável: a oração que deve ecoar nos lábios de todo o povo católico, herdeiro da Terra de Santa Cruz, isto é, o Brasil, é a versão ensinada por Nossa Senhora e confirmada pelo Patriarca de Lisboa. É este o estandarte da fé, a bandeira da ortodoxia mariana que não podemos abandonar.


 A segunda oração aprovada.


Eis o ponto em que começa a confusão: uma outra fórmula, mais tardia, foi igualmente aprovada, mas apenas pelo Bispo da diocese de Leiria. Não se tratava, portanto, de uma aprovação universal para todo o povo luso, mas de uma permissão local e limitada. Foi essa segunda versão, surgida em momento posterior, que se espalhou e acabou tornando-se a mais comumente usada em Portugal, ofuscando a original ensinada por Nossa Senhora.


Na página seguinte do mesmo livro, o autor — o reverendo Padre Gilberto, testemunha ocular e zeloso guardião da verdade — deixa registrado este fato decisivo, mostrando como se deu a introdução dessa alteração que viria a ser modificada pelo Novus Ordo para espalhar confusão entre os fiéis;

 

NOTA:

Parece ter havido modificação ou qualquer outro facto que desconheço, pois que mais tarde passou também a jaculatória a ser dita pela forma seguinte:

«Ó meu Jesus perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as alminhas todas para o Céu e socorrei principalmente as que mais precisarem».

Jaculatória esta que também mereceu a aprovação do Senhor Bispo de Leiria; ficando assim as duas jaculatórias aprovadas pela Autoridade Eclesiástica.

 

É preciso deixar bem claro: em Portugal, e somente em Portugal, a palavra “alminhas” tem um sentido particular, referindo-se às almas do Purgatório. É um regionalismo piedoso, mas restrito ao uso lusitano. Por isso mesmo, essa versão da oração, embora não seja herética em si, só poderia ser legitimamente utilizada no contexto português — ou, para falar com precisão canônica, apenas pelos fiéis pertencentes à diocese de Leiria, pois foi ali, e somente ali, que recebeu aprovação episcopal.

 

De modo diverso, a primeira versão, a verdadeira, aquela ensinada por Nossa Senhora e confirmada pelo Patriarca de Lisboa, ultrapassa o âmbito local e estende-se a todo o povo católico lusitano. E, por consequência natural e histórica, deveria ser a única oração rezada também pelo povo da Terra de Santa Cruz — os brasileiros — herdeiros diretos da mesma fé e da mesma tradição. Os brasileiros não podem ser vistos como separados do tronco português. A chamada independência do Brasil, do ponto de vista católico e espiritual, foi nula e inválida: não houve ruptura da fé, nem da submissão à Sé Apostólica, nem da herança recebida de Portugal. Somos, pois, a mesma Cristandade, a mesma Pátria espiritual, unidos pelo Rosário, pela Missa e pela devoção à Virgem Santíssima de Fátima.

 

Por isso, é evidente que a oração ensinada por Nossa Senhora e aprovada pelo Patriarca de Lisboa não pertence somente aos portugueses de além-mar, mas deve ser rezada com fidelidade e ardor também pelo povo da Terra de Santa Cruz. Negar isso é amputar nossas raízes, é romper com a herança espiritual que nos foi transmitida ao preço do sangue, da cruz e da espada.

 

O surgimento da terceira oração


Chegamos, enfim, à terceira oração, a mais espalhada, traduzida e imposta ao mundo inteiro. Poucos sabem, mas a devoção de Fátima só começou a ganhar vulto internacional no final do pontificado do Papa Pio XII, atingindo seu auge com o antipapa Paulo VI – Montini, o primeiro a visitar o local, e sua consolidação nos tempos do herege ator João Paulo II- Wojtyla, sem dúvida o maior subversor de Fátima. Foi justamente nesse momento de maior expansão, quando a mensagem de Fátima começava a arder nos corações de todos os povos e em todas as línguas, que os agentes do modernismo já haviam tomado a dianteira, infiltrando-se na cidade de Fátima, nos jornais católicos portugueses e, sobretudo, na própria diocese.

 

Tratava-se de um verdadeiro complô anti-fátima, urdido desde o antipapa João XXIII, que ao se deparar com o conteúdo terrível do Terceiro Segredo, decidiu escondê-lo do mundo, impedindo que fosse revelado. Nesse cenário corrompido, em que a Companhia de Jesus já se encontrava profundamente infiltrada, surgiu a adulteração final.

O que parece é que uma falsa ou transformada irmã lúcia ajudou a propagar a herética oração, no Jornal Folha Mineira, edição 4137, 24 de dezembro de 1960.;

ree

Transcrevendo; Aproveitando o ensejo muito raro de entreter assim a quem a Santa Virgem tanto falou, acrescentei: – “Irmã Lúcia, notei que em Fátima se reza a oração que Nossa Senhora pediu como conclusão de cada Mistério do Rosário, fazendo-se alusão às almas do purgatório, especialmente as mais abandonadas; deste modo rezamos nós, lá nos confins do Araguaia” e ela, num tom de quem revela um engano, ou, se quisermos, um deslize, mas com uma entoação de voz onde a caridade reinava, disse, suave e fortemente: – “Eles assim o quiseram, mas não foi essa a fórmula que Nossa Senhora ensinou. Nossa Senhora disse deste modo: (e repetiu a fórmula dos lábios da Santa Virgem Maria, naquele 13 de junho de 1917 na Cova da Iria)”. Pedi-lhe que m’a deixasse copiar, tal qual, o que ela fez com a mesma simplicidade que mostrou em tudo.

Foi esta a fórmula que Nossa Senhora ditou: – “Oh! Meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente as que mais precisarem”.

 

Apesar de vermos já a versão adulterada em 1960, essa começou a ser oficializada popularmente graças ao jornalista e suas palavras “irmã Lúcia revela um engano ... como um deslize ... essa é a verdadeira”.

 

Contudo, foi somente no ano de 1977, no jornal Voz da Fátima — publicação já dominada pelo modernismo e sob a direção do padre Luciano Guerra — que a versão herética da suspeita irmã Lúcia, foi mais amplamente espalhada nas letras impressas para o mundo católico. Ali, de modo sorrateiro, apresentaram como se fosse autêntica a fórmula adulterada, escreveu no jornal, o Padre Jesuíta modernista, Fernando Leite Castro Meireles:

 

“No dia 13 de Julho: «Quero que continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer. Quando rezais o terço dizei depois de cada mistério: ‘Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu, principalmente as que mais precisarem’.

 

ree

 

Eis o momento em que a mentira foi mais lançada sobre todo o orbe, obscurecendo a pureza da oração de Fátima e introduzindo, nas entrelinhas, o erro balthasariano da falsa esperança universal.

 

Não foi apenas no jornal Voz da Fátima que a versão adulterada ganhou corpo. Uma verdadeira campanha de guerra foi empreendida. Diversos livros e escritos do jesuíta Fernando Leite foram publicados com o mesmo propósito: consolidar e difundir a oração corrompida. Esse sacerdote tornou-se, em prática, o principal arquiteto da falsificação, lutando ardorosamente para que a versão herética fosse aceita como se fosse a autêntica.

 

Com traduções inéditas para várias línguas, sua ação incansável espalhou o erro para além de Portugal, levando a oração adulterada a penetrar nas devoções de outros povos e nações. Assim, aquilo que começou como um desvio local, fruto de um complô modernista, transformou-se numa fraude universal, consolidada pelo trabalho meticuloso desse senhor que, em vez de guardar a Tradição, empenhou-se em miná-la por dentro.

 

Irmã Lúcia impostora ?


Para empreender tamanho engano, o Novus Ordo contou com uma peça-chave: a chamada “Irmã Lúcia”, que passou a ser exibida ao mundo após o ano de 1958. No entanto, fortes evidências apontam que não se tratava mais da verdadeira vidente de Fátima. Estamos acompanhando atentamente os artigos do Dr. Peter E. Chojnowski, no site Sister Lucy Truth, onde, com documentação robusta e análises científicas de peso, se levanta a hipótese — cada vez mais sólida — de que a Irmã Lúcia autêntica foi substituída por uma impostora.


O Dr. Chojnowski afirma:

“A site Syster Lucy Truth começou em 2017 como um esforço para descobrir a verdade sobre a vida e a pessoa da Irmã Lúcia dos Santos de Fátima, especificamente por meio da análise científica e especializada dos vários aspectos da Irmã Lúcia. Evidências fotográficas disponíveis na internet, em biografias confiáveis, bem como amostras manuscritas, foram coletadas e submetidas à análise a fim de descobrir se a verdadeira Irmã Lúcia de Fátima foi ou não substituída por uma impostora nos anos posteriores a 1958.

Ao longo dos anos de 2018 a 2022, o Syster Lucy Truthcontratou uma ampla gama de profissionais científicos e especialistas médicos e agora compilou um número suficiente de relatórios de especialistas para concluir que houve de fato duas mulheres: uma, a autêntica Irmã Lúcia, que foi a Vidente em Fátima em 1917, e a outra, uma impostora que se apresentou como a verdadeira Irmã Lúcia de Fátima pelo menos de 13 de maio de 1967 até sua morte em 13 de fevereiro de 2005.

À medida que encomendarmos mais relatórios, usaremos as informações que já compilamos para descobrir o que aconteceu com a verdadeira Irmã Lúcia de Fátima e identificar o impostor.”

 

Se essas conclusões forem corretas — e tudo aponta que sim — então a impostora, manipulada pelos modernistas, tornou-se instrumento para legitimar a versão adulterada da oração, desviando milhões de fiéis ao redor do mundo.

 

Em todo o caso, tratando-se ou não da verdadeira irmã Lúcia, tal oração não teve aprovação eclesiástica.

 

Os arautos da oração subvertida


Agora voltemos para identificar um dos principais arquitetos dessa fraude espiritual: o Padre Fernando Leite, S.J., o verdadeiro responsável pela ampla disseminação da oração adulterada. Foi ele quem, com incansável esforço e obstinação modernista, dedicou sua pena e sua voz para consolidar a versão falsa entre os fiéis.

 

Segundo sua própria biografia, vejamos quem foi este homem e como se colocou, consciente ou não, a serviço da obra de deformação da Mensagem de Fátima.

 

O jesuíta Fernando Leite Castro Meireles nasceu em 25 de fevereiro de 1920, em São Nicolau de Basto, Cabeceiras de Basto. Ingressou na Companhia de Jesus em 7 de setembro de 1937 e foi ordenado sacerdote em 15 de julho de 1951, em Turim, Itália. Desde então, dedicou toda a sua vida ao chamado “Apostolado da Oração”, onde passou a exercer notória influência.

 

Durante mais de meio século, ocupou a direção da revista Cruzada Eucarística e do boletim Clarim. Escreveu numerosos livros e folhetos sobre Fátima, além de biografias dos pastorinhos e até duas obras enaltecendo João Paulo II. Sua pena incansável, porém, não serviu para preservar a pureza da Mensagem de Fátima, mas sim para consolidar a versão adulterada da oração, até transformá-la em prática comum entre os fiéis.

 

O próprio site Novus Ordo oficial de Fátima exaltou-o como “um dos mais importantes estudiosos da Mensagem”. Contudo, é precisamente aí que se revela a gravidade: foi esse sacerdote jesuíta quem, com obstinação, fixou a oração herética dentro do próprio Santuário de Fátima e em suas publicações oficiais, em especial no jornal Voz da Fátima. Foi a partir dessa plataforma modernista que a versão herética ganhou corpo, revestida de aparente legitimidade e espalhada como se fosse autêntica.

 

Em 2 de dezembro de 2009, Fernando Leite morreu, deixando atrás de si um vasto legado literário e devocional. Mas a herança que pesa sobre sua memória é ainda mais profunda: foi ele um dos principais responsáveis por dar voz e autoridade à oração corrompida, transformando-a em padrão e enganando multidões de católicos bem intencionados. Seu nome, longe de ser celebrado, deve ser lembrado como o de um dos grandes obreiros do modernismo em Fátima, aquele que, sob a capa de devoto, trabalhou para encobrir a verdade da Mensagem da Santíssima Virgem.

 

Sabemos que o Pe. Jesuíta Fernando Leite não esteve sozinho nesta obra de deformação. Era o intelectual que produzia, em várias línguas, a versão adulterada da oração, mas contou com o braço forte e a plataforma institucional de outro personagem central: o Padre Luciano Guerra, editor do Voz da Fátima e mais tarde reitor do Santuário.

 

ree

Nascido em 1932, formado em Roma e Salamanca, logo se destacou como sacerdote ligado à elite intelectual modernista. Em 1973, assumiu a reitoria do Santuário de Fátima, cargo que ocupou até 2008, promovendo uma verdadeira reestruturação administrativa e arquitetônica. Sob sua direção, Fátima foi transformada em um espaço cada vez mais descaracterizado, com a construção do Centro Pastoral Paulo VI e da Basílica da Santíssima Trindade — obras grandiosas, mas impregnadas de modernismo e afastadas do espírito simples e penitencial da Mensagem da Virgem. Foi também o responsável por introduzir arte contemporânea nos espaços sagrados, obras que mais confundem do que edificam, e por redefinir juridicamente os estatutos do Santuário, alinhando-o às instâncias modernistas de Roma.

 

Além disso, acumulou cargos de poder e prestígio: foi capelão pontifício, professor, presidente de comissões internas e, sobretudo, diretor do jornal Voz da Fátima, de onde saiu a adulteração herética da oração em 1977, espalhada depois ao mundo inteiro. Foi celebrado e condecorado por políticos locais e pelos homens de confiança do Vaticano conciliar, entre eles o “cardeal” Tarcisio Bertone, um dos maiores arquitetos do encobrimento do Verdadeiro Terceiro Segredo, e criador de sua falsa versão.

 

Assim, a biografia de Luciano Guerra revela não um “pastor devoto de Fátima”, como a propaganda modernista quer fazer crer, mas um administrador modernista que colocou o Santuário a serviço do aggiornamento conciliar, transformando-o em palco de obras faraônicas, arte profana e difusão de erros. Sob sua batuta, Fátima foi usada para legitimar a falsificação da oração e para apagar progressivamente o caráter profético e penitencial da Mensagem.

ree

E o maior propagador da “mensagem de Fátima” em nossos dias? Aplaudido pela própria Maçonaria internacional. Prova clara de que já não se trata da verdadeira Fátima, mas de uma falsificação que serve ao mundo e não a Deus.

 

Em resumo: se Fernando Leite foi a pena que escreveu a falsificação, Luciano Guerra foi o braço que a impôs ao mundo. Dois obreiros do modernismo que, com zelo mundano, desviaram o Santuário da sua missão sobrenatural.
ree

S. Josemaria atrás da mãe do Francisco e da Jacinta (6-II-1945). Vêem-se ainda: Pe. Álvaro del Portillo, D. José López Ortiz e o Pe. Galamba de Oliveira

 

Outro marco da infiltração modernista em Fátima foi a visita do fundador do Opus Dei, em 2 de novembro de 1972.

 

Chegando a Lisboa no dia 8 de maio, no dia seguinte dirigiu-se a Coimbra, onde visitou a “irmã Lúcia” no Carmelo daquela cidade — já naquele tempo, segundo os estudos de Chojnowski, muito provavelmente a impostora que substituíra a vidente autêntica. Logo depois, à tarde, partiu em direção a Fátima.

 

Acompanhavam-no D. Álvaro del Portillo (seu futuro sucessor), D. Javier Echevarría (mais tarde Prelado do Opus Dei) e um pequeno grupo de sacerdotes e leigos. O carro em que viajavam mal conseguia abrir caminho entre a multidão de peregrinos que seguiam a pé pela mesma estrada rumo ao Santuário, numa época em que ainda não havia autoestrada até a Cova da Iria.

 

Essa visita, revestida de pompa, não foi apenas um gesto de devoção. Foi também um ato simbólico: o Opus Dei marcava território em Fátima, unindo-se às forças modernistas que já controlavam o Santuário, a imprensa e a própria “irmã Lúcia” exibida ao público. O que poderia parecer apenas um evento piedoso revelou-se, na verdade, mais uma peça no tabuleiro da deformação da Mensagem de Fátima, pela qual se tentava domesticar o caráter profético e penitencial da aparição.

 

Poderíamos, sim, aprofundar as manobras de Paulo VI, de João Paulo II e de tantos outros asseclas modernistas que se empenharam no domínio de Fátima e na consolidação da narrativa em torno da oração herética. Os fatos são muitos, os documentos abundam e a trama é tão vasta que daria matéria para um livro inteiro — um verdadeiro dossiê da corrupção da Mensagem.

 

Entretanto, para não alongar demasiadamente o presente artigo, poupamos o leitor de percorrer cada detalhe dessa rede de traições e silêncios. Basta reconhecer: houve uma estratégia clara, conduzida pelo Vaticano conciliar e seus aliados, para manipular Fátima, calar o Terceiro Segredo e impor ao mundo a oração adulterada.

 

O que expusemos já é suficiente para que todo católico de boa vontade compreenda a gravidade da situação e se arme da verdade.

 

E o que se tornou hoje Fátima? As manchetes mostram: um santuário tomado por modernismo, palco de obras e compromissos que nada têm do espírito de penitência pedido pela Virgem;

 

ree

Análise da Oração Herética

 

“Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem.”

 

Eis aqui o veneno disfarçado de piedade. O que parecia ser uma simples alteração de palavras esconde uma sutil e gravíssima distorção doutrinária. O Padre Leite, sendo português, conhecedor da língua e do uso devocional da expressão “alminhas”, jamais poderia ignorar que esta se referia, na tradição lusitana, às almas do purgatório — aquelas que aguardam a purificação para entrar na visão beatífica de Deus.

 

A irmã lúcia também o deveria saber, pois, mudando essa palavra, muda completamente o sentido da oração para os portugueses, não sendo mais um pedido exclusivo para as alminhas do purgatório.

 

Dizendo mais, ao trocar “alminhas” por “almas”, e ainda reforçar com o termo “todas”, abriu-se a porta para um desvio herético. Pois sabemos, pela fé católica, que existem almas: aqui na terra dos vivos, as santas no Céu, as padecentes no Purgatório e as condenadas no Inferno. Ora, pedir que Nosso Senhor leve todas as almas ao Céu é lançar uma rede sem distinção, que — por implicação — inclui até os réprobos do inferno e, em última análise, daria pretexto até para incluir os próprios demônios.

 

Não é de admirar que os promotores do erro modernista e os defensores da heresia da salvação universal se tenham agarrado a essa versão adulterada. Muitos fiéis simples rezam-na sem essa intenção perversa, mas os inimigos da fé dela se aproveitam para corroer a verdade católica: que o inferno é eterno, e que quem nele cai jamais sairá.

 

Assim, essa modificação, aparentemente pequena, traz em si o germe da mais diabólica das ilusões: a de que até os condenados do inferno poderiam ser redimidos. Não se trata, pois, de uma questão semântica, mas de uma batalha pela integridade da fé. Alterar uma única palavra é o bastante para desfigurar a mensagem celeste de Fátima, transformando-a em instrumento de heresia.

 

Promotores da salvação universal


Hans Urs von Balthasar, o teólogo exaltado por João Paulo II e enaltecido por Bento XVI como “talvez o homem mais culto de nosso tempo”, foi também um dos grandes arautos da heresia moderna do universalismo, a esperança vã de que todos seriam salvos. A frase corrompida “Conduzi todas as almas para o céu”, ecoando em sua teologia, serviu de combustível para esse delírio, que dilui a gravidade do pecado, esvazia a Cruz de Cristo e transforma o Inferno em um escândalo a ser apagado. Não é à toa que se tornou o teólogo de estima dos papas conciliares, pois sua obra se coaduna com a agenda modernista de relativizar a Verdade revelada e abrir as portas a todo vento de doutrina.


A ironia é que aquele que foi apontado como cardeal por Wojtyla morreu dois dias antes da nomeação, sinal eloquente da vaidade de um projeto que pretendia coroar o erro dentro da própria Igreja. Sua revista Communio, fundada ao lado de outros nomes da Nova Teologia, espalhou amplamente essas ideias corrosivas. E o mesmo Balthasar, tido como luminar, não hesitou em endossar escritos ligados ao esoterismo e ao ocultismo, como as “Meditações sobre o Tarô”.


É de Hans Urs von Balthasar a famosa citação:


“Embora existam casos em que não foram mostradas apenas imagens do inferno (como é, a meu juízo, o caso da visão do inferno das crianças de Fátima), mas determinados eleitos tiveram acerteza subjetiva de que um número de homens já está perdido, todavia neles (e este é o objetivo da revelação) prevalece de muito, sobre a ideia de que, diante daquilo que foi contemplado como perdido, não haja mais nada a fazer, o desejo de se opor ao que lhes foi mostrado, de anulá-lo.”

 

Aqui Balthasar insinua que, mesmo quando Deus mostra em visões que há almas já perdidas — como em Fátima —, isso não serviria para confirmar a realidade do Inferno, mas apenas para despertar em nós o desejo de que tal perdição não exista. Em outras palavras: ele tenta transformar a visão do Inferno numa simples “provocação emocional”, abrindo espaço para o erro do universalismo, como se todos pudessem ser salvos no fim.


Mas a Igreja sempre ensinou com clareza: o Inferno é real, eterno e habitado. A visão de Fátima não foi dada para ser negada ou “anulada pelo desejo humano”, mas para chamar à conversão, ao temor de Deus e à reparação. Substituir isso por sentimentalismo é modernismo puro.


A heresia do pan-salvacionismo, que já nascera com o antigo Orígenes e sua quimera de um Inferno vazio, foi retomada com mais ousadia pelo modernismo do pós-Concílio. Se o antigo erro ainda admitia a expiação temporária, o novo neo-origenismo proclama de antemão a salvação de todos, sem fé, sem batismo, sem conversão. E quem se ergueu como seu principal arauto? João Paulo II, aquele que ousou vestir com a autoridade papal o delírio de que “todos já estão eleitos”, “todos já são filhos de Deus”, e de que a encarnação de Cristo por si só teria transformado cada homem em participante da vida divina.


Eis o escândalo: a mensagem de Fátima, que mostrou às crianças o fogo eterno e as almas que nele caem como neve, foi traída e invertida. Onde a Virgem quis mover ao temor e à penitência, os modernistas ergueram a bandeira da universal salvação, apagando a justiça divina. Nas encíclicas de Wojtyla — Redemptor Hominis, Dives in Misericordia, Dominum et Vivificantem — encontra-se o veneno disfarçado de piedade: a negação prática do Inferno e da necessidade da Igreja para salvar-se. Assim, não admira que tal heresia tenha contaminado a liturgia conciliar, quando se trocou o “pro multis” do Sangue derramado por muitos, pelo infame “por todos”.


Este é o triunfo momentâneo do modernismo: um “evangelho” adulterado que promete o Céu a todos, mesmo aos que rejeitam Cristo e morrem em pecado mortal.


Diferente de Wojtyla, que vinculava a salvação universal à Encarnação, Balthasar, nutrido pelas visões privadas da mística Adrienne von Speyr, buscou fundamentá-la no Descenso de Cristo aos infernos. Para ele, não havia condenados no abismo, mas apenas “efígies de pecados” que Cristo teria destruído, deixando o Inferno vazio de homens. Dessa forma, o dogma solene da Igreja, que sempre ensinou a eternidade das penas e a realidade dos réprobos, é dissolvido em imagens subjetivas e em uma “esperança” ambígua.


Vemos aqui o rastro do modernismo mais venenoso: teologia moldada não na Revelação pública e definitiva de Cristo, mas em supostas revelações privadas de uma convertida recente, erigidas em critério de fé. O resultado é claro: um Evangelho adulterado, que nega a justiça divina, faz do Inferno uma ilusão pedagógica e reduz a Paixão do Senhor a uma encenação de otimismo universal.


As visões de Adrienne von Speyr, adotadas e absolutizadas por Hans Urs von Balthasar, descrevem um “inferno” sem homens, apenas com “efígies de pecados” que se dissolvem em um “rio infernal”. Para ela, “com o seu descenso aos Infernos Cristo esvaziou totalmente o Inferno de todo homem”.


Balthasar, por sua vez, declarou que “sua teologia não pode separar-se da de Adrienne von Speyr” e que “considera a obra de Adrienne muito mais importante que a sua”. Assim, coloca no centro da fé a ideia de que Cristo desceu ao abismo “para comunicar na absoluta debilidade (...) o dom do Amor que abre toda prisão e dissolve todo endurecimento: em íntima solidariedade com aqueles que rejeitam toda solidariedade”.


Ele mesmo resume: “a doutrina do Descensus não é um dogma entre muitos outros, mas o centro e precisamente todo o conteúdo essencial de sua teologia. Von Balthasar é a teologia do Descenso em absoluto”.


Eis a perversão: substituir o dogma católico da justiça divina pela ilusão de que o Inferno é vazio. Trata-se de puro Origenismo renascido, disfarçado de mística e erudição.


Depois de que von Balthasar recebeu diferentes críticas em relação à sua teologia, publicou em 1986 uma obra em que voltou a abordar o tema mais importante para ele: a defesa do Origenismo através da esperança da salvação de todos.


Na verdade, von Balthasar deveria ter extraído de suas premissas a própria Salvação universal. E não poucas vezes, de fato, a Salvação universal aparece em suas obras como algo necessário; mas, ao mesmo tempo, em seus dois últimos escritos, apresenta-se, de modo mais prudente, como representante de uma Esperança universal. Para ele, não é certo, mas pode-se esperar, que todos sejam arrancados do Inferno. Assim se expressa contra seus adversários:


«Não queremos certamente contradizer aquele que, como cristão, não pode sentir-se feliz senão negando-nos a universalidade da esperança, com a certeza de seu Inferno cheio: esta foi também a opinião de um grande número de teólogos importantes, especialmente aqueles que se referiam a Santo Agostinho. Mas pedimos reciprocamente que mantenham a esperança de que a obra salvífica de Deus em sua criação tenha tido êxito. Não pode haver certeza, mas a esperança está bem fundamentada».


E ainda:


«Estaria dentro da capacidade de Deus fazer com que essa Graça que flui sobre o mundo a partir do sacrifício voluntário de Seu Filho (II Cor. V,19) fosse tão poderosa a ponto de se tornar “graça eficaz” para todos os pecadores. Mas só podemos esperar isso»


Sobre Santo Agostinho, von Balthasar observa que a sua doutrina teria inaugurado uma “triste história”, prolongada até a Reforma e além, ao sustentar que apenas alguns estariam predestinados. Chega mesmo a afirmar que, no fim das contas, “não importa se são muitos ou poucos” os eleitos.


Mas von Balthasar não se limita a defender uma vaga esperança de salvação universal; eleva-a a um verdadeiro “dever de esperança para todos”. Cita Karl Rahner em apoio: “Devemos preservar a doutrina da Vontade universal de Salvação de Deus, e o dever de esperar pela salvação de todos”. Nesta linha, todos os cristãos estariam vinculados a manter viva tal esperança. Recorre ainda a Herman Josef Lauter, que sustenta: “O amor só pode esperar a reconciliação de todos em Cristo. Essa esperança sem limites não é apenas lícita, mas exigida pelo próprio cristianismo”.


Von Balthasar vai além: sem essa esperança de um Céu universal, o amor autêntico estaria comprometido. Como escreve: “Se alguém admite que mesmo uma só pessoa possa perder-se para sempre, então já não pode amar de modo incondicional” E para ele, a ideia de “Céu para todos” não seria um convite à preguiça espiritual, mas, ao contrário, “o estímulo mais urgente que se pode conceber: a decisão de uma paciência que jamais se rende, mas que permanece disposta a esperar pelo próximo por um tempo infinito” .

 

No seu “Breve discurso sobre o Inferno”, Hans Urs von Balthasar fundamenta-se no fato de que muitos compartilham de sua posição — em especial João Paulo II. Depois de citar a crítica de Besler, que afirmava que a doutrina de Adrienne von Speyr “contradiz a Revelação cristã e o Magistério da Igreja”, Balthasar responde com ironia: «É uma vergonha para ele que o Santo Padre pense de modo tão diferente, como se vê em seu discurso pronunciado em Roma durante o simpósio sobre Adrienne von Speyr que ele mesmo havia convocado. Portanto, devemos apressar-nos em queimar a bruxa antes que seja beatificada. Para Edith Stein, a quem deixarei a última palavra deste livro, já é tarde demais»


Não causa surpresa que João Paulo II tenha dado tanto valor às ideias de Adrienne von Speyr e de Balthasar. Isso ficou evidente não só em seu discurso de 1988 em Roma sobre Adrienne, mas também na honra concedida a Balthasar com o “Prêmio Balzan”, por indicação do próprio Wojtyla (p. 55). Assim, fica claro que os três — João Paulo II, Adrienne von Speyr e Balthasar —, cada um à sua maneira, se tornam representantes do Origenismo. A divergência entre eles não está no conteúdo, mas apenas na ênfase: João Paulo II associava a salvação universal à Encarnação de Cristo, enquanto Balthasar a vinculava ao descenso aos infernos.


Após Edith Stein ter sido enaltecida, mesmo defendendo também a ideia de salvação universal, parecia natural — ao menos aos olhos de João Paulo II — que Adrienne von Speyr seguisse caminho semelhante. Não por acaso, Balthasar encerra sua obra dando a última palavra a Edith Stein. No texto citado, ela escreve:


«Assim o amor misericordioso pode derramar-se sobre todos. Cremos que sim. E como poderiam haver almas que resistam a Ele para sempre? Como possibilidade, em princípio, não se pode excluir; mas, na prática, isso pode tornar-se infinitamente improvável. Justamente por aquilo que a Graça preparatória pode realizar na alma. Ela pode bater à porta — e há almas que já se abrem a esse suave chamado. Outras, talvez, não escutem. Mas também pode penetrar na alma e desenvolver-se cada vez mais dentro dela. Quanto mais espaço ganha dessa forma, mais improvável se torna que a alma permaneça fechada»


Quando Edith Stein fala de uma Graça que conquista espaço de forma “ilegítima”, ou seja, sem a livre cooperação humana, está afirmando implicitamente a possibilidade de uma “graça” que anula a liberdade. Mas isso já não seria verdadeira graça, pois, pela fé católica, a graça nunca destrói a liberdade, mas a eleva.


Von Balthasar, porém, não caminha sozinho nessa trilha herética. Ele mesmo admite com orgulho:


«Meus críticos pensam que estou sozinho nesse limbo em que querem me colocar. Mas, na verdade, estou em ótima companhia. Estão comigo meus dois grandes mestres, Erich Przywara e Henri de Lubac, meu antigo professor Rondet, meu amigo Frossard, o cardeal arcebispo de Paris, o grande Blondel, o ex-socialista Péguy — que só queria ser católico se pudesse ter esperança para todos —, Claudel em seu famoso Cantique de Palmyre, Gabriel Marcel, o barricadeiro Léon Bloy (“Nenhum ser está excluído da redenção; do contrário, não haveria comunhão dos Santos. A exclusão de uma só alma do concerto maravilhoso do mundo é inimaginável e destruiria a harmonia universal”). E ainda o cardeal Ratzinger, Hermann Josef Lauter, Walter Kasper, Gisbert Greshake, Hansjürgen Verweyen. Quem ler Reinhold Schneider verá que também pensa como todos eles. Guardini não falta, e ‘por último, não menos importante’, Karl Rahner, que disse muitas coisas inteligentes sobre isso. Em resumo: uma causa na qual não se pode deixar de sentir-se bem»


E como se não bastasse, Balthasar reforça sua posição citando o Catecismo Católico para Adultos, redigido sob direção de Walter Kasper:


«Nem nas Sagradas Escrituras, nem em toda a tradição da Igreja, se afirma com certeza quealguém esteja realmente no Inferno. O Inferno aparece apenas como uma possibilidade real, ligada ao mandamento da conversão e da vida»


Assim, enquanto Balthasar proclama estar na “melhor companhia”, o que na verdade vemos é a aliança de toda a elite modernista do século XX, unida para reabrir as portas da antiga heresia de Orígenes, travestida agora de piedade e falsa esperança.


Condenações do Magistério  


É necessário distinguir entre o chamado “universalismo da esperança”, defendido por Hans Urs von Balthasar e a antiga teoria da apocatástase (ou restauração final), atribuída a autores como Orígenes, Isaac, o Sírio. A diferença fundamental é que o universalismo esperançoso se limita a um desejo subjetivo de que todos possam ser salvos, enquanto a apocatástase afirma objetivamente que a condenação dos ímpios seria apenas provisória, terminando com uma restauração plena.


Convém recordar que a apocatástase foi formalmente rejeitada pela Igreja. O Sínodo de Constantinopla de 543já havia condenado tal posição em seu nono cânon, condenação que foi confirmada pelo II Concílio de Constantinopla (553):


“Se alguém disser ou sustentar que o castigo dos demônios e dos homens ímpios é apenas temporário e que, após algum tempo, terá um fim, ou que haverá uma restauração plena dos demônios e dos homens ímpios, seja anátema”(Denz. 211).


O chamado Universalismo Esperançoso entra em choque direto com definições solenes de três Concílios Ecumênicos — Latrão IV (Denz. 429), Lião II (Denz. 464) e Florença (Denz. 693) — a respeito das penas dos condenados, tanto a poena damni (perda eterna da visão de Deus) quanto a poena sensus (sofrimento infligido). Insinuar que tais definições não se aplicam concretamente seria reduzi-las a meras fórmulas vazias, esvaziando o próprio sentido da autoridade magisterial. Essa questão permanece como ensinamento infalível do Magistério Ordinário e Universal, isto é, o testemunho unânime e constante de Padres e Papas ao longo da história.


Nesse mesmo sentido, os teólogos espanhóis Francis Sola, SJ, e Joseph Sagues, SJ, explicam que o Magistério definiu de forma implícita como questão de fé divina e católica que “os maus são privados da vida eterna; e de maneira explícita, que são entregues a um castigo distinto dessa privação de Deus e que, segundo o sentido evidente das palavras, lhes é infligido positivamente” (Sacre Theologiae Summa, vol. IVB, 1956, trad. Kenneth Baker SJ, p. 368).


Aqui está uma breve lista de declarações papais sobre o tema;

 

(1)   Papa Inocêncio III, Latrão IV (12º Concílio Ecumênico, 1215):

 

Mas Ele desceu em alma e ressuscitou em carne e ascendeu igualmente em ambos, para vir no fim dos tempos, para julgar os vivos e os mortos, e para retribuir a cada um segundo as suas obras, aos ímpios como bem como para os eleitos, todos os quais ressuscitarão com seus corpos que agora carregam, para que possam receber de acordo com suas obras, quer estas obras tenham sido boas ou más, o último castigo eterno com o diabo, e o primeiro glória eterna com Cristo. (Dez. 429)

 

(2)   Papa Inocêncio IV, Sub Catholicae Professione (6 de março de 1254):

 

Além disso, se alguém sem arrependimento morre em pecado mortal, sem dúvida será torturado para sempre pelas chamas do inferno eterno. Mas as almas das crianças após a purificação do batismo, e também dos adultos que partem na caridade e que não estão vinculados nem pelo pecado nem a qualquer satisfação pelo próprio pecado, passam imediatamente rapidamente para sua pátria eterna. (Dez. 457)

 

 

(3)   Papa Pio VI, Auctorum Fidei (28 de agosto de 1794):

 

A doutrina que rejeita como fábula pelagiana aquele lugar das regiões inferiores (que os fiéis geralmente designam pelo nome de Limbo das Crianças) onde as almas dos que partem com a única culpa do pecado original são punidas com o castigo dos condenados , excluindo o fogo, exatamente como se por esse mesmo fato, aqueles que removem a punição do fogo introduzissem aquele lugar e estado intermediário, livre de culpa e punição entre o reino de Deus e a condenação eterna, como aquele sobre o qual os pelagianos ociosamente conversa: [Condenado como] falso, precipitado e prejudicial às escolas católicas. (Dez. 1526)

 

 O plano de desmasculinizar a Igreja

ree

O livro “Desmasculinizar a Igreja?”, publicado com prefácio do Papa Francisco, é a prova viva de como o veneno de Hans Urs von Balthasar germinou e deu fruto: sua teologia do universalismo esperançoso e da Igreja sentimental desemboca agora em propostas abertas de “amaciar” e enfraquecer a Esposa de Cristo, retirando-lhe o caráter viril e combativo que sempre formou mártires e santos.


O que Balthasar iniciou ao esvaziar o Inferno e dissolver a justiça divina, outros hoje levam adiante ao propor uma Igreja sem espada e sem milícia espiritual, reduzida a um espaço de inclusão humanitária. Trata-se da consequência lógica de seu projeto: substituir a fé militante e penitente pela caricatura frouxa de uma religião universalista e inofensiva.

 

Conclusão


Em resumo, a nova oração balthasariana, forjada pelos jornalistas de Fátima e sustentada pela falsa “nova Irmã Lúcia”, jamais recebeu aprovação da Igreja. Pelo contrário: foi abraçada com entusiasmo pelos modernistas, que sempre procuram corromper a verdadeira devoção.

 

Rejeitemos essa falsificação, expulsemos essa oração dos nossos terços, e permaneçamos fiéis à autêntica tradição mariana. Que a Justiça de Deus recaia sobre todos os que ousaram destruir a devoção verdadeira à Santíssima Virgem!

 

Laus Deo

A.M.D.G.


Por Yuri Maria

30 de Setembro de 2025 – Festa de Santa Rosa de Lima

 

 

 

 
 
 
logo.jpg

Por Jorge Meri

bottom of page